Olá pessoal!
E para finalizar o domingo, nada de desafios dados pelo
professor...
Hoje é dia, na verdade, noite de descontração!!
Em um período conturbado da história brasileira, um
movimento inovador e corajoso surge para ir contra o que todos estavam
acostumados a ver, sentir e ouvir.
O Tropicalismo surge na década de 60 com a intenção de
abalar as convenções, tanto na questão sócio-política quanto na cultura e
comportamento. Com raízes no pop local e internacional e, principalmente, no
pop-rock, este movimento vem para transformar a cultura existente no período da
Ditadura Militar.
O movimento surgiu da união de alguns artistas baianos,
no contexto do Festival de Música Popular Brasileira, promovidos pela Rede
Record, em São Paulo, e Globo, no Rio de Janeiro. Integraram este movimento cultural o cantor e compositor
baiano Caetano Veloso, Torquato Neto, também poeta, Gilberto Gil, Os Mutantes,
Tom Zé, o maestro e arranjador Rogério Duprat, as cantoras Gal Costa e Nara
Leão, no campo musical; Hélio Oiticica e outros criadores nas Artes Plásticas;
Glauber Rocha e seu Cinema Novo na esfera audiovisual; e figuras como José
Celso Martinez Corrêa no teatro.
O Tropicalismo ou Tropicália
não era apenas uma nova modalidade musical, era uma nova e renovada forma de
agir e atuar no cenário cultural existente na época. Ia contra a paisagem morna
e entediante que estava instaurada nos meios culturais dominados pela MBP. Alguns
artistas viram a necessidade de apropriar-se das guitarras do rock e dos embalos
da Jovem Guarda, liderada por Roberto e Erasmo Carlos, para abalar o contexto cultural.
Era necessário conquistar a
simpatia do maior número de adeptos ao movimento, de modo a se quebrar as
correntes nacionalistas que estavam ingressando na cultura. Com isso, Caetano
Veloso e Gilberto Gil cortejaram nomes fortes, como Dorival Caymmi, Edu Lobo,
Chico Buarque, Paulinho da Viola e Sérgio Ricardo, mas não tiveram êxito nessas
tentativas.
As letras das músicas eram
inovadoras e tinham jogos de linguagem, como uma poesia concretista, além de
serem codificadas, exigindo do ouvinte uma bagagem cultural para que fossem
compreendidas. Uma das músicas mais famosa do movimento, ”Alegria, Alegria”, de
Caetano Veloso, traduz o sentimento de preocupação da juventude da época, uma
vez que a letra demostra o desejo de romper barreiras, ir além do convencional
e mostrar o tormento com a violência da Ditadura. Na questão estética, a
Tropicália é caracterizada pelos excessos: roupas coloridas, cabelos
compridos tinham a intenção de chocar, protestar contra a música brasileira
muito comportada.
O fim do movimento se dá em 1968, quando os Mutantes
realizam seu último concerto com Caetano e Gil. Durante uma temporada na boate Sucata, ocorreu
o famoso incidente da bandeira nacional, que, supostamente, foi desrespeitada,
no entender dos militares que governavam o Brasil no período. Foi
pendurada no cenário do espetáculo uma bandeira, obra do artista
plástico Hélio Oiticica, com a inscrição "Seja
Marginal, Seja Herói", nela
havia a imagem de um traficante famoso da época, o Cara-de-Cavalo, que foi assassinado
violentamente pela polícia. Os militares alegaram que Caetano teria cantado
o Hino Nacional inserindo versos ofensivos às Forças
Armadas. Todo esse episódio serviu de pretexto político para que os militares suspendessem a apresentação, prendessem Caetano e Gil, que, mais tarde, foram soltos e exilados no Reino Unido.
E para quem não conhece, segue abaixo um trecho da música
“Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso:
“Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou
O sol se reparte em crimes,
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e brigitte bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou”
Fontes:
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